sábado, 18 de junho de 2011

Cultura da reciclagem




Reportagem de Cidades (outubro de 2006) revelou que apenas 6% dos municípios brasileiros já implantaram a coleta seletiva de lixo, totalizando 327 cidades das 5.561 em todo o País. Segundo a pesquisa Ciclosoft 2006 do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre), somente cinco localidades atendem 100% de suas populações com a coleta seletiva, sendo que, ao todo, 25 milhões de pessoas beneficiam-se do serviço no Brasil.

Os números fazem da coleta seletiva um luxo no País, mas, levando-se em conta a quantidade de recicláveis depositados em aterros sanitários e jogados na natureza todos os dias, esse luxo torna-se essencial para o meio ambiente. Em Goiânia, por exemplo, município de 1,2 milhão de habitantes, a prefeitura local está começando em ‘casa’, dentro de suas secretarias e residências locais, um processo que pode espalhar a cultura da reciclagem na cidade.

Atualmente, a prefeitura recolhe cerca de 15 toneladas de lixo seco por dia, envolvendo mais de 20 secretarias e órgãos municipais, além de bairros do município, onde a coleta seletiva beneficia o morador que junte 5 kg ou mais de recicláveis em sua residência. O recolhimento do material nos bairros é feito duas vezes por semana, por três caminhões coletores da prefeitura, após o próprio morador chamar o serviço de coleta, por meio do telefone 3524-8590, da Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg).

Da rua para a cooperativa
Com 1,1 tonelada de lixo e resíduos urbanos gerados por dia, sendo 300 toneladas de recicláveis, a implantação do sistema de coleta seletiva em Goiânia possui outro objetivo: promover a inclusão social de pessoas que vivem como catadores de lixo em ruas e avenidas da cidade. Segundo o presidente da Comurg, Wagner de Siqueira, o município possui cerca de três mil pessoas vivendo nesta situação, "gente que pode se organizar em sistema de cooperativa."

Wagner lembra que todo o lixo reciclável colhido pela prefeitura é doado para as instituições, reforçando a atividade dos cooperados: "Cerca de 30% do lixo e resíduos produzidos em Goiânia podem ser reciclados, o que abre espaço para a criação de várias entidades para a reciclagem, juntando-se as quatro cooperativas e associações em operação na cidade."

Educação ambiental
Para a transformação da população goianiense em geradora de recicláveis, Wagner ressalta que as crianças e adolescentes são essenciais no processo, lembrando que "a disciplina Educação Ambiental está na grade curricular das escolas municipais da Capital, onde funcionam 375 pontos de recolhimento do lixo reciclável." Além disso, assinala Wagner, 12 Postos de Entrega Voluntária (PEV) estão instalados na cidade.

O presidente da Comurg explica que o recolhimento de recicláveis desafoga o Aterro Sanitário de Goiânia, que, "do jeito que está, tem apenas dois anos de vida útil". Tempo que Wagner acha suficiente para a realização das obras de expansão da área, "projetando para mais 30 anos a utilização do espaço de 451 mil m2² na Rodovia GO-060, saída para Trindade". Segundo Wagner, os serviços estão contemplados no Plano Diretor de Goiânia e devem ser iniciados ainda este ano, e finalizados no ano que vem.

Seleção de primeira
Anápolis é a terceira maior cidade de Goiás (313 mil habitantes), mas largou na frente no Estado, colhendo o lixo reciclável, de casa em casa. Desde setembro do ano passado, o projeto de seleção e coleta do lixo no município funciona a todo vapor, capitaneado pelo trabalho da Associação dos Gestores da Coleta Seletiva de Lixo de Anápolis (Agecosa).

Sesenta ex-catadores de lixo do Aterro Sanitário da cidade (conhecido como lixão) estão transformando o lixo produzido em domicílios e empresas numa ‘preciosidade’. Atualmente, nove bairros anapolinos recebem o novo serviço de coleta, onde são produzidas 27 mil toneladas de recicláveis, por mês, em cinco mil residências (7% da população) integradas ao projeto.

Segundo dados da Prefeitura de Anápolis, o sistema permitiu economia média de R$ 45 mil (poupança de 6%) no valor pago pela coleta terceirizada de lixo da cidade, por mês. Até o final deste ano, a prefeitura prevê a coleta de 40% dos recicláveis produzidos na cidade, com entrada em funcionamento de outras associações para a coleta seletiva do lixo. 

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